Começamos o barreamento!
- Cecília Gomes
- 16 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jul. de 2021
Nosso banheiro seco começa a ganhar paredes ripadas com bambu e o tão esperado (pelo menos por mim) barro! Bom, antes de mostrar as fotos do processo e falar sobre ele, compartilho aqui uma breve reflexão sobre o tempo que não existe.
Desde que compramos a terra, a expectativa geral de amigos e familiares é: a casa já está pronta? Sim, porque, afinal... para se estar na roça e cuidar dela é necessário um local para ficar. E é muito louco isso porque nosso plano inicial (antes da pandemia) era de em julho (logo aí....) de 2021 iniciar as obras em bioconstrução com ajuda/apoio de amigos reunidos em mutirão.
O caso é que descobrimos neste exato um ano de observação e permanência mais constante no sítio (acampando e depois ficando em nosso pequeno container) que tudo muda o tempo todo. E tudo bem. A gente sequer imaginava que teria um container para nos abrigar... uma foto enviada a um amigo querido conectou essa ideia e ela se materializou de uma forma tão boa que deixou de ser urgente construir uma casa.

Nos permitimos curtir essa forma simples- e prática - de ficarmos hospedados e decidimos que antes de sair fazendo casa, que vamos nós mesmos melhorar esse container para que no futuro possa servir a outras pessoas que queiram viver-estar no Bambutuque.
É também uma oportunidade de testar com muito mais calma as técnicas construtivas - que nunca experimentamos antes! Como comentei em um grupo de bioconstrução no Facebook (onde tenho compartilhado também os progressos do Bambutuque), é uma excelente forma de acabar com todas as mil teorias que nossa mente insiste em criar para divergir.
A convergência está no simples e no essencial!
Depois de riparmos os bambus, fazendo as paredes de nosso banheiro seco, pensamos: qual terra vamos utilizar? De onde tirar? Pegamos de algum cupinzeiro abandonado? Olha essa terra de formiga aqui... qual nada. Cada um vinha com uma ideia diferente até o momento de barrear chegou junto com a melhor solução que poderia existir: retirar a terra mais próxima ao terreiro de obra. Ou seja, do barranco onde fizemos o banheiro seco.


E assim foi, limpando o terreno, retirando a terra. Começamos a teoria de peneirar a terra e largamos mão assim que começou a ficar praticamente inviável. Misturamos a palha de roçadas passadas - aqui outra teoria operou! Júlio pediu para que eu picotasse ela e depois quando começamos a colocar o barro na parede, percebemos que palhas maiores ajudavam mais aquela trama que fizemos.
Então, não tem receita... é colocar a mão e os pés na massa, sentir, sentir, desconstruir ideias pré-concebidas e seguir. Ah! Misturamos esterco seco também. Não temos animais em nosso sítio, mas os vizinhos têm e eventualmente deixam eles soltos na estrada... saímos com a carriola para coletar umas semanas antes desse processo.
Nossa! Fiz tantas reflexões que até esqueci de falar no barreamento em si! Júlio está aqui me lembrando que "ingredientes na mão, é hora de se divertir e jogar barro no olho do seu amor" kkkk! De verdade, fiquei tão empolgada em querer colocar o barro na parede que atirei-o e ele respingou nos olhos do Júlio, coitado. Acidentes de trabalho divertido... acontecem.

Quando disse que o tempo não existe é porque para nós não há meta ou prazo para essas obras terminarem. São nossa diversão em casal e queremos mais é que seja eterno enquanto dure a brincadeira.
Comments